INTRODUÇÃO
Este discurso tem como objeto de análise a
letra da música “Heal The World”, cantada por Michael Jackson no estádio Nya
Ullevi em 1997.
Na consecução desse mister será empregado um
enfoque com maior preponderância no que tange aos traços sociológicos e demais
implicações de ordem moral e escatológica presentes na canção em comento.
Segue abaixo uma tradução da letra em foco, textualmente:
Cure o Mundo
"Pense sobre as
gerações e elas dizem:
Nós queremos fazer
deste mundo um lugar melhor
Para nossos filhos
E para os filhos dos
nossos filhos.
Para que eles vejam
Que este é um mundo
melhor para eles
E saibam que podem
fazer deste um lugar
ainda melhor.
Há um lugar no seu
coração
E eu sei que é amor
E este lugar pode ser
Muito mais brilhante
do que amanhã
E se você realmente
tentar
Você descobrirá que
não há necessidade de chorar
Neste lugar você vai
sentir
Que não há mágoa ou
tristeza
Há caminhos para
chegar lá
Se você se importa o
suficiente com a vida
Crie um pequeno espaço
Crie um lugar melhor
Cure o mundo
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
E toda a raça humana
Há pessoas morrendo
Se você se importa o
suficiente com a vida
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
Se você quer saber
porque
O amor não pode mentir
O amor é forte
E só nos dá dádivas
alegres
Se nós tentarmos, nós
veremos
Nesta benção
Não podemos sentir
medo ou temor
Paremos o existir e
comecemos o viver
Em seguida, sempre
sentiremos
Que o amor é
suficiente para nós crescermos
Então faça um mundo
melhor
Faça um mundo melhor
Cure o mundo
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
E toda a raça humana
Há pessoas morrendo
Se você se importa o
suficiente com a vida
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
E o sonho em que fomos
concebidos
Revelará um rosto
alegre
E o mundo em que
sempre acreditamos
Brilhará novamente em
graça
Então por que
continuamos sufocando a vida?
Ferindo a Terra,
crucificando sua alma...
Mas é claro ver
Que este mundo é
divino, é a luz de Deus
Nós podemos voar tão
alto
E nunca deixe nossos
espíritos morrerem
No meu coração eu
sinto
Vocês todos meus
irmãos
Crie um mundo sem medo
Juntos nós choraremos
lágrimas de alegria
Veja as nações
transformarem suas espadas
Em arados
Nós realmente poderíamos
chegar lá
Se você se importou o
suficiente com a vida
Faça um pouco de
espaço
Para fazer um lugar
melhor
Cure o mundo
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
E toda a raça humana
Há pessoas morrendo
Se você se importa o
suficiente com a vida
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para mim
[3x]
Há pessoas morrendo
Se você se importa o
suficiente com a vida
Faça dele um lugar
melhor
Para você e para
mim[2x]
Para você e para mim
(Faça um lugar
melhor)[3x]
Para você e para mim
(Cure o mundo em que
vivemos)
Para você e para mim
(Salve-o para nossas
crianças)[4x]
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E ESCATOLÓGICA
“Pense
sobre as gerações e elas dizem:
Nós
queremos fazer deste mundo um lugar melhor
Para
nossos filhos
E
para os filhos dos nossos filhos.”
Pensando sobre as nossas
passadas gerações e no que elas dizem, podemos chegar a algumas intrigantes
ilações.
Observe que desde Kant e o iluminismo já
estávamos concretamente aspirando a uma Paz Perpétua, um novo mundo sem
desigualdades sociais, fome, guerras e demais injustiças. Acreditava-se então
que com o racionalismo a despontar e com o poder do humano intelecto a dominar
a natureza mediante os instrumentais da ciência, não haveria mais limites ao
potencial humano. Poderíamos tudo.
Mas a despeito de tamanha luz assim apregoada
naquele século, o que ocorreu posteriormente foi justamente o contrário. Nunca
dantes se ouvira de tantas guerras, violência e destruição na escala e
proporção assombrosas como o atestam os anais da história moderna e contemporânea.
Na sucessão dos tempos que se seguiram ao
vaticínio de Immanuel Kant quanto à paz vir a ser garantida perpetuamente
(em contextos políticos e jurídicos), in
veritatis, o que vimos foram massacres humanos inauditos. Infelizmente
ainda continuamos vendo isso. Nem mesmo a nação filosoficamente mais adiantada
da Europa, a Alemanha, conseguiu escapar dessa tortuosa tendência humana. Não
foi a toa que o filósofo Nietzsche declarou que Deus estava morto.
Milênios atrás, a frase proferida pela divida
inspiração "Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; " (Jeremias
17:9) ganharia eco posteriormente na conhecida máxima Homo homini lupus: o homem é o lobo do homem de autoria do filósofo
inglês Thomas Hobbes.
E isso é justamente o que ocorre quando
tiramos Deus da equação: Suas criaturas então “se mordem e se devoram uns aos
outros” (Gl 5:15, NVI). E assim se devoram porque ignoraram os dizeres desse mesmo
grandioso e glorioso Deus quando Ele nos disse: “porque sem mim nada podeis fazer." (João 15:5).
ESTAMOS NOS PREOCUPANDO TANTO COM AS
COISAS IMPORTANTES DESTA VIDA QUE ACABAMOS POR NOS ESQUECER DO ABSOLUTAMENTE
INDISPENSÁVEL
No Universo, nada existe independentemente do
Senhor. Ele criou tudo: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e,
sem Ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3). Não só isso, mas Ele é quem
sustenta tudo. Ainda mais surpreendente é saber que Aquele que criou e tudo
mantém foi crucificado por nós.
“O apóstolo Paulo, escrevendo pelo Espírito
Santo, declarou acerca de Cristo: ‘Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é
antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele’ (Cl 1:16, 17,
RC). A mão que sustém os mundos no espaço, a mão que conserva em seu ordenado
arranjo e incansável atividade todas as coisas através do Universo de Deus, é a
que na cruz foi pregada por nós”[1].
Ele é, verdadeiramente, o Homem que é a medida
de todas as coisas.
Ele é o verdadeiro “Amor Forte” e que “não
pode mentir”; e viveu para nos conceder a dádiva da verdadeira alegria. Pois
“pelas suas pisaduras fomos sarados” e “o castigo que nos traz a paz estava
sobre Ele”. (Isaías 53:5).
E “nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a
Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 João 3:16).
E isso é de tal modo verdadeiro, que para
podermos ter sucesso nessa empreitada de “fazer um mundo melhor”, imperioso
será primeiro que o limitado esforço humano se una ao poderoso braço do Poder
Infinito.
“Há um lugar
no seu coração
E eu sei que
é amor
E este lugar
pode ser
Muito mais
brilhante do que amanhã”
A letra dessa música
continua insistindo quanto ao amor que existe dentro de nós. Mas pergunto:
donde verdadeiramente promana este amor?
“Todo o amor paternal que veio de geração em
geração através do coração humano, toda fonte de ternura que se abriu na alma
do homem, não passam de tênue riacho em comparação com o ilimitado oceano,
quando postos ao lado do infinito, inexaurível amor de Deus. A língua não o
pode exprimir, nem a pena é capaz de o descrever. Podeis meditar nele todos os
dias de vossa vida; podeis esquadrinhar diligentemente as Escrituras a fim de
compreendê-lo; podeis concitar toda faculdade e poder a vós concedidos por
Deus, no esforço de compreender o amor e a compaixão do Pai celeste; e todavia
existe ainda um infinito para além. Podeis estudar por séculos esse amor; não
obstante jamais podereis compreender plenamente a extensão e a largura, a
profundidade e a altura do amor de Deus em dar Seu Filho para morrer pelo
mundo. A própria eternidade nunca o poderá bem revelar.”[2]
A letra também nos fala de
um lugar muito mais brilhante do que amanhã. Todavia, não posso imaginar um
lugar que brilhe mais do que naquele onde habite a gloriosa pessoa de Jesus
Cristo. O mesmo Deus que criou o sol e todas as estrelas do Universo afirma de
Si mesmo: EU SOU a brilhante Estrela da manhã (Apocalipse 22:19).
“Ele é quem curará o mundo
Fará dele um lugar melhor
Para você e para mim
E para toda a raça humana”
‘Eu vim’, diz Ele, ‘para que tenham vida, e a
tenham com abundância’ (João 10:10) “pois eu sou o Senhor
que te sara" (Êxodo 15:26).
“Se nos arrependemos de nossa transgressão e
recebemos Cristo como o Doador de vida, nosso Salvador pessoal, tornamo-nos um
com ele, e nossa vontade é trazida em harmonia com a vontade divina.
Tornamo-nos coparticipantes da vida de Cristo, que é eterna. Obtemos de Deus a
imortalidade ao receber a vida de Cristo, pois em Cristo ‘habita corporalmente
toda a plenitude da divindade’ (Colossenses 2:9). Essa vida é a misteriosa
união e cooperação do divino com o humano.”
Por isso, ao entrar no mundo, diz:
"Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;"
(Heb. 10:1-5)
“Como portador dos pecados, sacerdote e
representante do ser humano diante de Deus, Ele [Cristo] assumiu a vida humana,
possuindo nossa carne e nosso sangue. A vida está na vital corrente de sangue,
sangue que foi dado pela vida do mundo. Cristo fez plena expiação, dando Sua
vida como resgate por nós. Nasceu sem mancha de pecado, mas entrou no mundo de
certa forma como a família humana. Não tinha mera semelhança de corpo, mas
tomou a natureza humana, participando da vida da humanidade.”
“De acordo com a lei que o próprio Cristo deu,
a herança usurpada foi resgatada pelo membro mais próximo da família. Jesus
Cristo depôs Suas vestes reais, a coroa real, e revestiu a divindade com a
humanidade, a fim de se tornar Substituto e segurança para a humanidade, para
que, morrendo em humanidade, pudesse, por Sua morte, destruir aquele que tinha
o poder da morte. Ele não podia ter feito isso como Deus, mas, vindo como
homem, Cristo podia morrer. Pela morte, venceu a morte. A morte de Cristo
ceifou Aquele que tinha o poder da morte, e abriu as portas da tumba a todo
aquele que O recebe como seu Salvador pessoal.”[3]
“A palavra da cruz
é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de
Deus." (1 Coríntios 1:18).
É por isso que a despeito de toda a
“perversidade” ainda existente neste mundo, não precisamos ter medo, uma vez
que “despojando os principados e as potestades, publicamente (Jesus) os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz." (Colossenses 2:15)
“Assim, afirmemos
confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o
homem? (Heb. 13:6)”.
“Porque eu estou bem certo
de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas
do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade,
nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rom. 8:38-39).
E reiteradamente o Senhor
Jesus Cristo, o Senhor Deus Forte, Pai da Eternidade reafirma: “Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu
sou o teu Deus; Eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da Minha
justiça.” (Isaías 41:10).
Pois Ele é quem Criará um mundo sem medo
Juntos nós choraremos lágrimas de alegria
Veja as nações transformarem suas espadas
Em arados
Antevendo em visão tão glorioso dia, o
discípulo amado profetizou:
"Então, ouvi grande voz vinda do trono,
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles
serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos
toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem
dor, porque as primeiras coisas passaram." (Apocalipse 21:4).
E “Aquele que dá testemunho destas coisas diz:
Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!”
2. “Este mundo é divino, é a luz de Deus”
Esta é de fato, uma linda declaração. O mundo
o é realmente assim não porque possua em si mesmo os atributos da divindade,
mas sim porque ainda reflete, em certa medida, a Glória dAquele o criou.
Digo isso para desmitificar a crença de alguns
que confundem o Criador com a obra que o mesmo realizou; assim como o artista
se distingue da pintura por si concretizada, assim o universo e tudo que o
mesmo contém não pode, logicamente, ser o seu próprio arquiteto e construtor.
Deus se situa além do universo que criou, fora
dos limites do tempo e espaço por Si erigidos. Ele é “o único que é imortal e
habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver” (1 Timóteo 6:16).
Ir contrariamente a este entendimento seria
incorrer no que se denomina panteísmo, verbis:
O Panteísmo é a crença de que Deus é tudo e
todo mundo e que todo mundo e tudo é Deus. O Panteísmo é semelhante ao
Politeísmo (a crença em muitos deuses), mas vai além dele ao ensinar que tudo é
Deus. Uma árvore é Deus, uma rocha é Deus, um animal é Deus, o céu é Deus, o
sol é Deus, você é Deus, etc. O Panteísmo é a suposição por trás de muitas
seitas e religiões falsas (ex: Hinduísmo e Budismo, as várias seitas de unidade
e unificação, e os adoradores da mãe natureza).
A Bíblia ensina o Panteísmo? Não, não ensina.
O que muitas pessoas confundem com Panteísmo é a doutrina da onipresença de
Deus. Salmos 139:7-8 declara: "Para onde me irei do teu espírito, ou para
onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a
minha cama, eis que tu ali estás também." A onipresença de Deus significa
que Ele está presente em todo os lugares. Não há qualquer lugar no universo
onde Deus não esteja presente. Isso não é o mesmo que Panteísmo. Deus está em
todo canto, mas Ele não é tudo. Sim, Deus está "presente" dentro de
uma árvore ou de uma pessoa, mas isso não torna aquela árvore ou pessoa Deus. O
Panteísmo não é de qualquer forma uma crença bíblica e é incompatível com fé em
Jesus Cristo como Salvador (João 14:6; Atos 4:12).[5]
Ao longo das eras, muitas vozes já se
manifestaram no desejo de entronizar a natureza no lugar dAquele a quem
realmente de direito; e no mesmo contexto no qual declarara que Deus estava
morto, assim falava também Nietzsch,
“Rogo-vos meus irmãos, permanecei fiéis à
terra, e não creiais naqueles que vos falam de esperanças de outros mundos!”.
Acrescentou: “No passado o pecado contra Deus era o maior pecado; mas esses
pecadores morreram com ele. Agora pecar contra a terra é a coisa mais terrível”
(Assim falava Zaratustra, p. 125).
Não duvido que pessoas assim, se tivessem os
meios e a oportunidade, iriam mesmo querer “matar” a Deus. E vimos isso
claramente no calvário, pois Ele “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam.” (João 1:11). Deste modo, aqueles que não quiseram assim “Ferir a
Terra”, contudo, acabaram “crucificando sua alma”. Por violarem o mandamento
que dizia “não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3), acabaram
igualmente por transgredir o mandamento de Cristo o qual dizia “amarás, pois, o SENHOR
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças” (Deuteronômio 6:15 e Marcos 12:30).
Ignoram a realidade de que, se não fosse por
Cristo, nós todos nem teríamos tido a oportunidade de nascer. Isso porque sem
Ele, a posteridade da humanidade ainda estaria sendo irremediavelmente contada
entre os transgressores da Sua Lei; "porquanto derramou a sua alma na
morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de
muitos (....)." (Isaías 53:12).
E é só na Cruz do calvário que podemos começar
a compreender a real malignidade do pecado. O discípulo amado o define como “a
transgressão da lei” moral divina (1 João 3:4).
E a mesma transgressão a essa Lei (que não é
senão a transcrição do Seu caráter) é o que faz a separação entre nós e o nosso
Deus; e os nossos pecados encobrem o Seu rosto de nós, para que não nos ouça
(Isaías 59:2).
"Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores." (Romanos 5:8).
E "este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas
os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más."
(João 3:19).
CONCLUSÃO
Ao pensar nas futuras gerações, nós seres
humanos precisamos sim buscar a solução definitiva para que seja estabelecido
um mundo melhor para nossa descendência.
Essa solução é Jesus Cristo.
“E o sonho
em que fomos concebidos
Revelará um
rosto alegre
E o mundo em
que sempre acreditamos
Brilhará
novamente em graça”,
"Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz."
(Isaías 9:6).
Assim, “Se você se importa o suficiente com a
vida, Crie um pequeno espaço” para que o autor e redentor da tua vida encontre
morada e possa então nos “criar um lugar melhor”
“Para você e para mim
(para que Ele “Cure o mundo em que vivemos”)
Para você e para mim
(Para que Ele “Salve as nossas crianças”).”