Das penas da inspiração nos são desvelados um
vislumbre deste tão ansiado reino de Glória e Paz a ser instaurado neste
planeta, in verbis:
"Levanta-te,
resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti;
Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti
o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os gentios
caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu." (Isaías 60:1-3).
Mas como poderemos, nós seres humanos, “fazer
deste mundo um lugar melhor” tal qual o acima descrito, enquanto nem sequer
conseguimos ainda fazermos a necessária reforma do “homem interior”, o qual
consabidamente é inerentemente egoísta?
O promotor de Justiça e mestre em Direito José
Benjamim de Lima a este respeito discorre relatando ser “obra da civilização e
da racionalidade reduzir ao mínimo tolerável a violência, o preconceito, a
discriminação e a superstição, nas atividades e relações humanas. Ninguém, de
sã consciência, defenderia a prevalência de tais desvalores. Mas um mundo
absolutamente isento deles seria um mundo humano?”
Acrescenta ainda que “o comportamento humano
provavelmente nunca será inteiramente racional e escoimado de falsas concepções
e maldades. O ser humano não é apenas uma somatória de bons sentimentos. Ao
contrário, Impulsos agressivos e antissociais também fazem parte de todos nós e
não há como ignorá-los.” Com quão acurada precisão nos afigura então a
revelação divina quando nos declarou: "Mas todos nós somos como o imundo, e
todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a
folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam." (Isaías
64:6).
Exatamente neste contexto disse o Senhor que o
Reino de Deus não vem com aparência exterior ou institucional, mas, está dentro
de nós (Lucas 17:20-22). A cura divina opera no próprio ser humano,
individualmente, regenerando-lhe a mente, limpando-a e transformando-a. Mas
antes que este Reino possa chegar a cada um de nós, é que nos foi enviada a voz
a clamar no deserto “Arrependei-vos”, para só então poder nos ser “chegado o
Reino dos Céus” (Mateus 4:17), pois “O Meu Servo, o Justo, com o Seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre
Si” (Isaías 53:11). Neste sentido
nos refere uma autora cristã, verbis:
“O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o
que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Provérbios
28:13. Se os que escondem e desculpam suas faltas pudessem ver como
Satanás exulta sobre eles, como escarnece de Cristo e dos santos anjos, pelo
procedimento deles, apressar-se-iam a confessar seus pecados e deixá-los. Por
meio dos defeitos do caráter, Satanás trabalha para obter o domínio da mente
toda, e sabe que, se esses defeitos forem acariciados, será bem-sucedido.
Portanto, está constantemente procurando enganar os seguidores de Cristo com
seu fatal sofisma de que lhes é impossível vencer. Mas Jesus apresenta em seu
favor Suas mãos feridas, Seu corpo moído; e declara a todos os que desejam
segui-Lo: “A Minha graça te basta.” 2 Coríntios 12:9.
“Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de
coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Por que o Meu jugo é
suave, e o Meu fardo é leve.” Mateus 11:29, 30.
Ninguém, pois, considere incuráveis os seus defeitos. Deus dará fé e graça para
vencê-los.[1]
As boas-novas consistem assim no podermos ser
justificados diante de Deus não por força das nossas obras, mas por causa da
justiça de Jesus. A vastidão da nossa necessidade como pecadores, e a
impossibilidade de atender a essas necessidades clama por uma solução divina.
A resposta de Deus ao apelo moral da
humanidade é a cruz, o emblema de todo o plano da expiação. É loucura e
confusão tentar acrescentar algo ao plano completo e perfeito de Deus com
nossas “ações meritórias”, como se pudessem abater qualquer parte da nossa
dívida moral como transgressores. Não temos qualquer justiça pela qual possamos
gerar obras aceitáveis, muito menos compensar ou expiar nossa natureza decaída
e nossas más ações.
A tentativa de acumular justiça, mesmo que
seja indiretamente, através dos méritos da criatura, é uma profanação e
depreciação do sacrifício expiatório de Cristo; é demonstração de menosprezo
pelo custo elevado da nossa salvação e pela natureza humanamente incurável do
pecado. Também revela ignorância sobre a santidade infinita de Deus e Seu
padrão moral para todos os seres (cf. Tito 3:5-7).
Em outras palavras, somente Jesus viveu uma
vida sem pecado, e Sua vida perfeita é creditada como se fosse nossa. Digo
melhor, Jesus não só toma sobre Si mesmo os nossos pecados, nossos trapos de
imundície, mas nos oferece a oportunidade de sermos revestidos de Suas vestes
perfeitas de justiça (Mateus 22:1-14).
Dito isso, e embora os efeitos do pecado sobre
a humanidade sejam muito profundos e devastadores, podemos vislumbrar na sua
palavra que há uma saída. A Bíblia fala sobre a possibilidade de renovação e
restauração da imagem de Deus em nós, e nos assevera já podermos, desde já,
desfrutá-la em pelo menos certo medida, verbis:
"Pois aqueles que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Romanos 8:29)
"E aos que predestinou, também chamou;
aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou."
(Romanos 8:29)
"Portanto, todos nós, com o rosto
descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada
vez mais brilhante e vai nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que
é o Espírito." (2 Coríntios 3:18)
"É preciso que o coração e a mente de
vocês sejam completamente renovados. Vistam-se com a nova natureza, criada por
Deus, que é parecida com a sua própria natureza e que se mostra na vida
verdadeira, a qual é correta e dedicada a ele." (Efésios 4:23, 24).
“As escrituras sagradas claramente nos
apresenta a esperança de que podemos ser recriados à imagem de Deus. A
renovação da imagem de Deus na humanidade é acompanhada de uma redução dos
efeitos do pecado sobre nós e nossos relacionamentos. Nada disso, porém, é
resultado da realização do próprio homem. A Bíblia aponta para Cristo como
sendo a base da esperança de renovação do homem. Além disso, todas as mudanças
operadas em nossa vida e nossa esperança de salvação devem repousar sempre no
que Cristo realizou por nós e na oferta de salvação com base na Sua justiça,
não na nossa”[2].
Na bíblia também encontramos a condição que
deve ser cumprida para que seja iniciado esse processo de recriação do homem à
imagem de Deus, in verbis:
"Quem está unido com Cristo é uma nova
pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo." (2 coríntios
5:17)
“De modo geral, as evidências das Escrituras
levam à conclusão de que a renovação espiritual ocorre ao custo de vigilância
em uma guerra espiritual. É uma guerra entre a carne e o espírito (Gálatas
5:16, 17). Os que estão sendo renovados à imagem de Deus percebem que essa
guerra espiritual é a realidade da experiência humana e, por isso, eles abraçam
o desafio na força do Senhor (Efésios 6:10-13). Decidir ser recriado à imagem
de Deus e se colocar ao lado do Senhor é como nos alistarmos como soldados numa
batalha espiritual”.
Escrevendo sobre os que experimentaram o poder
renovador de Cristo, uma escritora cristã observou, verbis:
“Mas porque esta é sua experiência, o cristão não deve cruzar
os braços, satisfeito com o que já conseguiu. Aquele que está determinado a
entrar no reino espiritual perceberá que todos os poderes e paixões da natureza
não regenerada, apoiados pelas forças do reino das trevas, estão arregimentados
contra ele. Ele precisa renovar sua consagração cada dia, e cada dia batalhar
contra o mal. Velhos hábitos, tendências hereditárias para o erro, lutarão para
manter a supremacia, e contra isso ele deve estar sempre em guarda, lutando na
força de Cristo pela vitória”[3].
Ao nos apoderarmos assim das Suas promessas e
permanecermos leais até o fim, é que triunfalmente poderemos dizer junto com o
apóstolo Paulo: “Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda". (2 Timóteo 4:7, 8).
Quando for cessada essa renhida batalha contra “os
principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas,
contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes"
(Efésios 6:12) por ocasião da Sua
Vinda, é que finalmente seremos coroados pelo Senhor
Jesus com a gloriosa coroa da vida que ele nos prometeu (Apocalipse 12:10); e
estaremos assim para sempre com o SENHOR.
Deste modo, será nesse
momento perfeitamente cumprida a profecia de um mundo melhor “para nossas
crianças”, pois os seres humanos “serão
sacerdotes[4]
de Deus e de Cristo e reinarão com ele” por toda a eternidade sem fim. Não
foi por outra razão que o apóstolo Pedro exclamou com admiração: “vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". (1 Pedro 2:9).
“O
Senhor, seu Deus, naquele dia, os salvará, como ao rebanho do Seu
povo; porque eles são pedras de uma
coroa e resplandecem na terra dEle” (Zc 9:16).
Todas as escrituras nos
demonstram assim que "a salvação vem
do SENHOR" (Salmo 3:8); Jesus,
cujo nome significa "Iavé (Jeová) é salvação", "virá
e vos salvará" (Isaías 35:4).
E é justamente por isso
que “nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova
Terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3:13).
Nela "o lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão
comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano
algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR." (Isaías 65:25).
Por meio da beleza dessa linguagem poética,
Isaías mostra que não haverá violência no novo mundo. Corrupção e violência, as
características do mundo antediluviano que exigiram sua destruição, não
existirão na Nova Terra. Será um mundo de harmonia e cooperação, um reino de
paz. Estamos tão acostumados com violência, predação e morte que é difícil
imaginar algo diferente.
E a respeito disso disse Jesus: “Eis que faço
novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis
e verdadeiras. (Apoc. 21:1-5)”.
Há
sempre um infinito para além
Após a retromencionada reconciliação gloriosa entre Deus e a humanidade, a Terra ficará então sem maldição nenhuma e tudo o que foi perdido em decorrência do pecado será restaurado. Os remidos receberão um novo ambiente, nova vida, novo domínio, nova paz com o restante da criação e novo relacionamento com Deus. O propósito original por trás da criação da humanidade será então cumprido. Deus, a humanidade e a criação estarão em harmonia. E essa harmonia durará para sempre.
“Ali
toda faculdade se desenvolverá, e toda capacidade aumentará. Os maiores
empreendimentos serão levados avante, as mais altas aspirações realizadas, as
maiores ambições satisfeitas. E, todavia, surgirão novas culminâncias a galgar,
novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos assuntos a
apelarem para as forças do corpo, espírito e alma”. — Educação, 307.
“Por
mais que avancemos no conhecimento da sabedoria e do poder de Deus, há sempre
um infinito para além”. — The Review and Herald, 14 de Setembro de 1886.
“Todos os tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres da mortalidade, alçarão vôo
incansável para os mundos distantes — mundos que
fremiram de tristeza ante o espetáculo da desgraça humana, e ressoaram com
cânticos de alegria ao ouvir as novas de uma alma resgatada. Com indizível
deleite os filhos da Terra entram de posse da
alegria e sabedoria dos seres não-caídos. Participam dos tesouros
do saber e entendimento adquiridos durante séculos e séculos, na
contemplação da obra de Deus. Com visão desanuviada olham para a glória da
criação, achando-se sóis, estrelas e sistemas planetários, todos na sua indicada ordem, a circular em redor do trono da Divindade. Em todas as coisas, desde a
mínima até à maior, está escrito o nome do
Criador, e em todas se manifestam as riquezas de Seu poder.”“E ao transcorrerem os anos da eternidade, trarão mais e
mais abundantes e gloriosas revelações de Deus e de Cristo. Assim como o
conhecimento é progressivo, também o amor, a reverência e a felicidade
aumentarão. Quanto mais aprendem os homens acerca
de Deus, mais Lhe admiram o caráter. Ao
revelar-lhes Jesus as riquezas da redenção e os estupendos feitos do grande conflito com Satanás, a
alma dos resgatados fremirá com mais fervorosa devoção, e com mais arrebatadora
alegria dedilharão as harpas de ouro; e milhares de milhares, e milhões de
milhões de vozes se unem para avolumar o potente coro de louvor”.
“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais
existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso
júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz
e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até
ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena
beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor”. — O Grande Conflito, 678.
[1]
Cf. O Grande Conflito, p. 489.
[2] Cf. http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2012/li342012.html#quinta
[3]
Cf. Atos dos Apóstolos, p. 476, 477.
[4]
Os salvos receberão autoridade como reis e sacerdotes. A ideia de realeza
implica algum tipo de autoridade; a ideia de sacerdócio traz consigo a
implicação de proporcionar a comunicação entre Deus e as outras criaturas,
talvez até com as criaturas de outros mundos criados, que nunca conheceram a
experiência do pecado nem a miséria que ela traz.
1 comentários:
Caro irmão Bruno Santana, paz e parabéns pelo teu blog...
Deixo o convite para visitar, conhecer e seguir meu blog:
http://wwwteologiavivaeeficaz.blogspot.com.br/
Francisco Neto
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