Enoque

Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Matusalém, viveu trezentos anos. (Gênesis 5:22)

Enoque escutou dos lábios de Adão a dolorosa história da queda e a preciosa promessa da condescendente graça de Deus em oferecer o dom de Seu Filho como Redentor do mundo. Creu nela e sobre ela repousou. Enoque era um homem santo. Servia a Deus com singeleza de coração. Compreendeu a corrupção da família humana e se separou dos descendentes de Caim, reprovando-os por sua grande maldade. Existiam na Terra aqueles que reconheciam a Deus e O temiam e adoravam. Mas o justo Enoque, tão aflito pelo crescente mal da impiedade, não se relacionava com eles diariamente, temendo ser afetado por sua infidelidade e que seus pensamentos não considerassem a Deus com a santa reverência devida ao Seu exaltado caráter. Seu coração se agitava ao testemunhar diariamente como pisavam a autoridade de Deus. Decidiu se separar deles e gastar muito de seu tempo em solidão, a qual devotava à reflexão e oração. Ele esperava diante do Senhor e orava para conhecer Sua vontade mais perfeitamente, a fim de cumpri-­la. Deus Se comunicava com Enoque mediante Seus anjos, dando-lhe instrução divina. Fez-lhe saber que não suportaria para sempre a rebelião do ser humano – que Seu propósito era destruir a raça pecadora, trazendo um dilúvio de água sobre a Terra.

O belo Jardim do Éden, de onde nossos primeiros pais foram expulsos, permaneceu até que Deus Se propôs destruir a Terra pelo dilúvio. Deus plantara o jardim e o abençoara especialmente. Em Sua maravilhosa providência, removeu-o da Terra. Ele o fará voltar outra vez à Terra, mais gloriosamente adornado do que antes de ser removido. Deus Se propôs preservar uma amostra de Sua perfeita obra criadora livre da maldição com que amaldiçoara a Terra.

Enoque continuou a se tornar mais piedoso enquanto se comunicava com Deus. Sua face era radiante com a santa luz. O Senhor amava Enoque porque ele firmemente O seguia. Ele desejava se unir ainda mais estreitamente com Deus, a quem temia, reverenciava e adorava. Deus não permitiu a Enoque morrer como outros homens, mas enviou Seus anjos para levá-lo ao Céu sem ver a morte. Na presença de justos e ímpios, Enoque foi removido deles (Signs of the Times, 20 de fevereiro de 1879).

As Primeiras Coisas em Primeiro Lugar

Vós sois a luz do mundo. (1 Coríntios 15:22)

As coisas eternas devem despertar nosso interesse, e devem ser consideradas, em comparação com as coisas terrenas, de infinita importância. Deus requer que seja nossa prioridade cuidar da saúde e da prosperidade espirituais. Devemos saber que desfrutamos do favor de Deus, que Ele sorri para nós, que somos Seus filhos e estamos em uma posição em que Ele pode comungar conosco e nós com Ele. Não devemos descansar até que atinjamos um estado de humildade e mansidão para que Ele possa nos abençoar e sejamos levados a uma proximidade sagrada com Deus. Sua luz brilhará sobre nós e refletiremos essa luz a todos ao nosso redor. No entanto, não podemos fazer isso a menos que nos esforcemos sinceramente para viver na luz. Deus requer isso de todos os Seus seguidores, não apenas para o próprio bem, mas também para o benefício de outros ao seu redor.

A menos que tenhamos luz em nós mesmos, não poderemos deixar nossa luz brilhar aos outros a fim de atrair a atenção deles para as coisas celestiais. Devemos estar imbuídos do Espírito de Jesus Cristo, ou não poderemos manifestar Cristo em nós, a esperança da glória. Devemos permitir que o Salvador habite em nós, ou seremos incapazes de exemplificar em nossa conduta Sua vida de devoção, Seu amor, Sua bondade, piedade, compaixão, abnegação e pureza. Esse é o nosso sincero desejo. O tema de estudo de nossa vida deve ser: Como ajustarei meu caráter ao padrão bíblico de santidade?

Cristo sacrificou Sua majestade, Seu esplendor, Sua glória e honra, e por nossa causa tornou-Se pobre, para que nós, por Sua pobreza, nos tornássemos ricos. Ele condescendeu com uma vida de humilhação. Sujeitou-Se ao escárnio. Foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53:3). Suportou o insulto, a zombaria e a morte mais dolorosa e vergonhosa a fim de que pudesse exaltar e salvar da miséria sem esperança os filhos e filhas caídos de Adão. Em vista desse sacrifício inigualável e amor misterioso manifestados a nós por nosso Redentor, recusaremos oferecer a Deus nosso completo serviço, que, na melhor das hipóteses, é tão débil? Usaremos de maneira egoísta, para os negócios ou o prazer, o tempo que é necessário para nos dedicarmos ao exercício religioso, ao estudo das Escrituras, à introspecção e à oração?

Não depositamos nossa esperança aqui, neste mundo. Nossas ações testificam de nossa fé, de que no Céu se encontra nossa eterna riqueza (Review and Herald, 29 de março de 1870).

A Primeira Promessa do Evangelho

Assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. (1 Coríntios 15:22)

“Porei inimizade [...] entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).

Esse foi o primeiro sermão evangelístico pregado ao ser humano caído. Essa promessa foi a estrela de esperança a iluminar o escuro e sombrio futuro da raça humana. De bom grado, Adão recebeu a garantia do livramento e diligentemente instruiu seus filhos nos caminhos do Senhor. Essa promessa foi apresentada em estreita ligação com o altar das ofertas sacrificais. O altar e a promessa permanecem lado a lado, e um lança seus brilhantes raios de luz sobre o outro, mostrando que a justiça de um Deus que foi ofendido poderia ser satisfeita somente pela morte de Seu amado Filho.

Abel ouviu essas preciosas lições, e para ele eram como sementes semeadas na boa terra. Caim também as ouviu. Ele teve os mesmos privilégios que seu irmão, mas não os aproveitou. Aventurou-se em agir de forma contrária aos mandamentos de Deus, e o resultado ficou evidente diante de nós. Caim não foi vítima de um intuito arbitrário. Um não fora eleito para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. A questão toda consiste em fazer ou não o que Deus diz.

No caso de Caim e Abel, temos uma representação das duas classes que sempre existirão no mundo até o fim dos tempos, um assunto digno de aprofundado estudo. Existe uma diferença marcante no caráter desses dois irmãos, e a mesma diferença é vista na família humana hoje. Caim representa aqueles que observam os princípios e as obras de Satanás, ao adorar a Deus à sua maneira, conforme a própria escolha. À semelhança do líder que seguem, estão dispostos a prestar uma obediência parcial, mas não uma completa obediência a Deus.

A classe de Caim representa a grande maioria dos adoradores, pois toda falsa religião foi criada com base no princípio de Caim, de que o ser humano deve depender dos próprios méritos e justiça para ser salvo.

Homens e mulheres devem aceitar a religião de Cristo com todas as dificuldades que possam surgir. As pessoas podem sair em busca de um caminho mais fácil, mas esse caminho não levará à cidade de Deus, a morada segura dos santos. Somente aqueles que guardam Seus mandamentos é que terão direito à árvore da vida e entrarão na cidade pelas portas (Signs of the Times, 23 de dezembro de 1886).

Sacrifício Mais Excelente

Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo. (Hebreus 11:4)

Estes dois irmãos, Caim e Abel, representam toda a família humana. Ambos foram provados quanto ao ponto da obediência, e todos nós seremos provados da mesma forma. Abel passou pela prova dada por Deus. Revelou o valor de um caráter reto, os princípios da verdadeira piedade. A religião de Caim, porém, não tinha bom fundamento. Era baseada nos méritos humanos. Ele trouxe para apresentar a Deus algo em que havia interesse pessoal – os frutos da terra, produtos de seu trabalho, e apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifício, prestou, porém, apenas uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluída.

Ambos eram pecadores e ambos reconheciam o direito de Deus à reverência e à adoração. Segundo a aparência exterior, sua religião era a mesma até certo ponto, mas o registro bíblico nos mostra que houve um tempo em que a diferença entre os dois era grande. Essa diferença estava na obediência de um e na desobediência do outro.

O apóstolo disse que “Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim”. Abel apreendeu os grandes princípios da redenção. Viu-se como um pecador e viu o pecado e sua pena de morte entre seu coração e a comunhão com Deus. Trazia morta a vítima, aquela vida sacrificada, reconhecendo assim as reivindicações da lei que fora transgredida. Por meio do sangue derramado, olhava para o futuro sacrifício – Cristo morrendo na cruz do Calvário. Confiando na expiação que ali seria feita, tinha o testemunho de que era justo e de que sua oferta havia sido aceita.

Como Abel conhecia tão bem o plano da salvação? Adão o ensinou aos seus filhos e netos. Depois que Adão pecou, um sentimento de terror se apoderou dele. Sentia dentro de si um constante temor. A vergonha e o remorso torturavam-lhe o coração. Nesse estado mental, desejava estar o mais distante possível da presença de Deus, a quem ele tivera tanto prazer de encontrar no lar edênico. Porém, o Senhor foi em busca desse homem que carregava tanto peso de consciência e, embora condenasse o pecado do qual Adão era culpado, ofereceu-lhe as palavras da graciosa promessa (Signs of the Times, 23 de dezembro de 1886).

A Ira de Caim

Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? (Gênesis 4:6, 7)

O Senhor não ignorou os sentimentos de ira cultivados por Caim. Entretanto, desejava que ele refletisse a respeito de sua conduta, que se convencesse de seu pecado, experimentasse o arrependimento e colocasse os pés no caminho da obediência. Não havia motivo para tanto rancor, quer fosse em relação a seu irmão ou a Deus. Foi seu desrespeito à clara e expressa vontade do Senhor que levou à rejeição da sua oferta. A oferta de Abel foi aceita, mas isso porque ele fez exatamente o que o Senhor lhe pedira, em cada detalhe. Essa atitude não tiraria de Caim seu direito à primogenitura. O assunto foi claramente exposto a Caim, porém, despertou-­se nele o espírito combativo pelo fato de sua conduta ter sido questionada e não lhe ser permitido seguir as próprias ideias independentes. Estava irado com Deus e com raiva de seu irmão. Com Deus, porque Ele não aceitou os planos idealizados por um homem pecador em substituição às reivindicações divinas, e estava indignado com o irmão por discordar dele.

Caim chamou Abel para caminhar com ele pelos campos, e lá expressou sua descrença e murmuração contra Deus. Afirmou que agiu corretamente ao apresentar sua oferta. Quanto mais falava contra Deus, colocando em dúvida a justiça e a misericórdia divinas ao rejeitar sua oferta e aceitar a de seu irmão Abel, mais cresciam seus sentimentos de ira e ressentimento.

Abel justificou a bondade e a imparcialidade de Deus colocando diante de Caim a simples razão pela qual o Senhor não aceitara a oferta dele.

O fato de Abel ter se aventurado a discordar e chegar ao ponto de mostrar seus erros surpreendeu Caim. A razão lhe dizia que Abel estava certo ao falar da necessidade de apresentar o sangue de uma vítima imolada, se quisesse que seu sacrifício fosse aceito. Satanás, porém, apresentou a questão sob um ponto de vista diferente. Incitou Caim a tamanho ataque de fúria, que o levou a matar o irmão, e o pecado do assassinato foi posto sobre ele (Signs of the Times, 16 de dezembro de 1886).

O Teste de Caim e Abel

Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-Se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não Se agradou. (Gênesis 4:3-5)

Caim e Abel, filhos de Adão, eram diferentes em caráter. Esses irmãos foram provados, assim como o fora Adão antes deles, para mostrar se seriam obedientes aos requisitos de Deus. Tinham sido instruídos com respeito à provisão feita para a salvação da raça humana. Por meio do sistema de ofertas sacrificais, Deus desejava gravar na mente dos seres humanos o quão ofensivo é o pecado e colocá-los a par da inevitável penalidade que este trazia consigo: a morte. As ofertas deveriam ser uma lembrança contínua de que somente através do prometido Redentor é que o ser humano poderia chegar à presença de Deus. Caim e Abel compreenderam o sistema sacrifical de ofertas que deles foi requerido praticar. Ao apresentar suas ofertas, eles sabiam que estavam demonstrando humilde e reverente obediência à vontade de Deus, em reconhecimento de sua fé e dependência do Salvador a quem essas ofertas tipificavam.

Caim e Abel construíram seus altares de modo semelhante, e cada qual levou uma oferta. Caim considerou desnecessário ser tão minucioso em cumprir todas as reivindicações feitas por Deus. Dessa forma, fez uma oferta sem derramamento de sangue. Trouxe os frutos da terra e os apresentou como oferta diante do Senhor, mas não houve sinal do Céu para mostrar que esta era aceita. Abel insistiu com seu irmão para se aproximar de Deus da maneira divinamente prescrita, mas suas súplicas apenas tornaram Caim mais decidido a seguir sua própria vontade. Sendo mais velho, achava que não deveria ser aconselhado por seu irmão e desprezou o conselho dele.

Abel trouxe os primogênitos do rebanho, o melhor que possuía, conforme Deus lhe havia ordenado. No cordeiro imolado, ele antevia, pela fé, o Filho de Deus que deveria morrer por causa da transgressão da lei de Seu Pai. Deus aceitou a oferta de Abel. Fogo desceu do Céu e consumiu o sacrifício do pecador penitente.

Caim teve a oportunidade de ver e reconhecer seu erro. Aquele que não faz acepção de pessoas levará em consideração a oferta feita com fé e obediência (Signs of the Times, 16 de dezembro de 1886).

TU ÉS DEUS

Antes que os montes nascessem e se formassem a Terra e o mundo, de eternidade a eternidade, Tu és Deus. (Sal. 90:2)

Você nasceu para viver. O plano original de Deus era que o ser humano vivesse eternamente. Sua imortalidade dependeria de sua relação com a fonte da vida, que é Deus.

Infelizmente, Adão e Eva cortaram essa relação. Comeram do fruto do qual Deus havia dito: “Não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gên. 2:17. O resultado foi a morte, “porque o salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23), como afirma Paulo.

Teria sido menos doloroso se depois do pecado a criatura morresse instantaneamente. O sofrimento teria sido evitado. Mas a morte é um processo lento que, no caso de Adão, levou 930 anos para chegar ao fim.

Aqueles anos foram de morte lenta. Dor, sofrimento e angústia foram o resultado de sua desobediência. Engano, mentira e traição passaram a formar parte de sua experiência. Já imaginou ver o corpo dilacerado do filho Abel? Nada disso teria acontecido se o primeiro casal tivesse seguido o conselho divino.

As experiências duras de uma vida de dor ensinaram aos primeiros seres humanos que a obediência aos conselhos divinos é garantia de uma vida feliz. Apesar disso, ninguém possui imortalidade. Só Deus existe “de eternidade a eternidade”.

Não tenha medo da morte. Encare-a como encara todos os desafios da vida. Estamos neste mundo para aprender a administrar a vida. Se você não souber administrar 70 ou 80 anos, como administrará a eternidade?

O seu Deus é eterno e tem prometido retornar na pessoa de Seu filho para procurar você. Naquele dia, chegará ao fim a experiência amarga da morte. Você ressuscitará e viverá eternamente.

Por isso, deixe brilhar a esperança em seu coração hoje. Nada está perdido. Nada está acabado. Embora da perspectiva humana a morte pareça estar vencendo, ela será finalmente derrotada, porque: “Antes que os montes nascessem e se formassem a Terra e o mundo, de eternidade a eternidade, Tu és Deus.” (Alejandro Bullón)

Arqueologia confirma a existência de Adão e Eva

O que a arqueologia moderna nos diz sobre a "lenda" de Adão e Eva? Teriam esses personagens bíblicos, de alguma maneira, realmente existido? Para os que não crêem, deixemos à própria Ciência a resposta a semelhantes (e absurdas?) indagações.






Salvação Prometida

Olhai para Mim e sede salvos, vós, todos os limites da Terra; porque Eu sou Deus, e não há outro. (Isaías 45:22)

Quando Adão e Eva foram criados e colocados em seu lar edênico, tinham conhecimento da lei que deveria governá-los. Ao transgredirem essa lei, caíram de seu estado de feliz inocência, tornando-se pecadores à vista de Deus. O tenebroso futuro da raça caída não foi dissipado sequer por um único raio de esperança. Devido à transgressão da lei divina, o ser humano perdeu o paraíso e foi pronunciada a maldição sobre a Terra, dando início o reinado da morte.

Entretanto, o Céu teve piedade do ser humano, e o plano da salvação foi concebido. Quando a maldição foi pronunciada sobre a humanidade, juntamente com ela foi dada a promessa de perdão por meio de um Salvador que haveria de vir. Essa promessa foi a estrela da esperança a iluminar as trevas que, como o manto da morte, pairavam sobre o futuro da humanidade e do mundo que lhe foi dado como domínio. A Adão e Eva, lá no Éden, foi o evangelho pregado pela primeira vez. Eles se arrependeram sinceramente de sua culpa, creram na promessa de Deus e foram salvos da ruína completa.

Durante trezentos anos, andou [Enoque] com Deus, dando ao mundo o exemplo de uma vida pura e imaculada, uma vida de notável contraste com a vida dos homens daquela geração obstinada e perversa, que desrespeitava abertamente a santa lei de Deus e se vangloriava de estar livre de suas restrições. Mas o testemunho e o exemplo dele foram igualmente ignorados, pois as pessoas amaram o pecado mais do que a santidade. Enoque, porém, serviu a Deus com singeleza de coração, e o Senhor comunicou a ele Sua vontade. Por meio de uma santa visão, revelou-lhe os grandes acontecimentos relacionados à segunda vinda de Cristo. E, finalmente, esse servo favorecido do Senhor foi levado ao Céu pelos anjos sem ver a morte.

Por fim, a maldade humana se tornou tão grande que Deus não mais podia suportá-la. Ele comunicou a Noé que, por causa das contínuas transgressões de Sua Lei, iria destruir o ser humano, a quem havia criado, por meio de um dilúvio de águas que traria sobre a Terra. Noé e sua família foram obedientes à lei divina e, devido à sua lealdade ao Deus do Céu, foram salvos da catástrofe que devastou o mundo mau ao seu redor. Assim, o Senhor preservou para Si um povo em cujo coração estava Sua lei (Signs of the Times, 22 de abril de 1886).

A Sede da Alma

Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la. João 4:15

A mulher ficou tão surpresa com as palavras de Jesus, que descansou o cântaro no poço. Esquecendo-se da sede do estranho e de Seu pedido por água, esquecendo-se de sua incumbência junto ao poço, concentrou-se inteiramente em seu sincero desejo de ouvir cada palavra.

Jesus então muda abruptamente o tema da conversa e ordena que a mulher chame o marido. Ela responde com franqueza: “Não tenho marido.” Jesus lhe diz: “Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (v. 17, 18).

Ao ser apresentada diante dela sua vida passada, a ouvinte estremece.

A convicção do pecado fora despertada. “Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que Tu és profeta” (v. 19). E então, a fim de mudar a conversa para algum outro tema, esforça-se para levar Cristo a discutir suas diferenças religiosas.

A convicção do Espírito de Deus atingiu o coração da mulher samaritana. Ensino algum que ouvira até então havia avivado sua natureza moral e a despertado para a noção de sua maior necessidade.

Cristo lê o interior. Ele revelou à mulher samaritana a sede de seu espírito, que a água do poço de Sicar jamais poderia satisfazer.

A sede natural da mulher samaritana a conduziu à sede de espírito pela água da vida.

Esquecendo-se do objetivo que a levara ao poço, a mulher deixou seu cântaro e foi à cidade, dizendo a todos com quem se deparava: “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?” (v. 29).

As cisternas da Terra muitas vezes estarão vazias, e seus reservatórios, secos, mas em Cristo há uma fonte viva da qual podemos nos servir continuamente. Não há perigo de que o suprimento se esgote, pois Cristo é a inesgotável fonte da verdade. Ele tem sido a fonte de água viva desde a queda de Adão. Ele diz: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba” (Jo 7:37). E “aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14) (Signs of the Times, 22 de abril de 1897).

A Água da Vida

Veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-Me de beber. João 4:7

O Redentor do mundo, o Filho de Deus, assumiu nossa natureza humana. Faminto e sedento, permaneceu para descansar junto ao poço de Jacó, próximo à cidade de Sicar, enquanto os discípulos iam à cidade comprar alimento.

Ao Se sentar à beira do poço, a refrescante água ali tão perto e, no entanto, inacessível para Ele, apenas fez aumentar Sua sede. Ele não tinha corda nem cântaro, e o poço era fundo. Então esperou que viesse alguém para tirá-­la. Ele poderia ter operado um milagre e assim obtido um gole do poço, se quisesse. Esse, porém, não era o plano de Deus.

“Nisto, veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-Me de beber.” Respondeu a mulher: 

“Como, sendo Tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?” (v. 9). Cristo estava próximo da mulher samaritana, e ela não O conheceu. Tinha sede pela verdade, no entanto, não sabia que Ele, a Verdade, estava ao seu lado e era capaz de iluminá-la. Existem hoje corações sedentos que estão junto à viva fonte. Olham, porém, para além do poço que contém a água refrescante e, apesar de ser-lhes dito que a água está perto, não acreditam.

Jesus respondeu à mulher, dizendo: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-Me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. Respondeu-lhe ela: Senhor, Tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És Tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus filhos, e seu gado?” (v. 10-12). Sim, Jesus poderia ter respondido: “Este que lhe fala é o Filho unigênito de Deus. Eu sou maior do que seu pai Jacó, pois antes que Abraão viesse a existir, Eu sou.” Mas Ele respondeu: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (v. 13, 14).

Assim como Cristo verdadeiramente foi água da vida para Abel, Sete, Enoque, Noé e todos os que receberam Sua instrução na época, Ele o é no tempo presente para aqueles que Lhe pedem o gole refrescante (Signs of the Times, 22 de abril de 1897).

O Cego Curado

Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. João 9:3

“Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os Seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9:1, 2).

Na pergunta feita pelos discípulos a Jesus, eles demonstraram pensar que toda enfermidade e sofrimento resultavam do pecado. Isso, de fato, é verdade, mas Jesus mostrou que era um erro supor que todos os grandes sofredores eram também grandes pecadores. A fim de corrigir seu erro, “cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo” (v. 6, 7). Assim, Jesus respondeu de maneira prática à pergunta dos discípulos, como costumava fazer com as que Lhe eram dirigidas por curiosidade. Os discípulos não foram chamados para discutir sobre quem tinha ou não tinha pecado, mas para entender o poder e a misericórdia de Deus em dar vista ao cego. Claro que não havia poder de curar no lodo ou no tanque para onde o cego foi mandado para se lavar. A virtude estava em Cristo.

Os amigos e vizinhos do jovem olhavam para ele duvidosos, porque, depois que seus olhos foram abertos, se lhe mudara a fisionomia e animara-se. Parecia outro homem. A pergunta corria de uns para outros:

“É ele?” E outros disseram: “Parece-se com ele.” Mas o que recebera a grande bênção pôs termo à questão dizendo: “Sou eu” (v. 9). Falou-lhes, então, de Jesus, contando-lhes como o curara, e eles perguntaram: “Onde está Ele? Respondeu: Não sei. Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.

E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. [...] Então, alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles” (v. 12-16).

Não sabiam que quem curara o cego havia sido Aquele que fizera o sábado e conhecia todas as obrigações para com esse dia (Signs of the Times, 23 de outubro de 1893).

Prova de Fé

O homem [...] disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. João 5:15


Aquele homem que fora curado, ao prosseguir em seu caminho com passos rápidos e flexíveis, os pulsos palpitando com o vigor da saúde renovada, o semblante resplandecendo com esperança e alegria, foi encontrado pelos fariseus. Eles lhe disseram, com ar de grande santidade, que era contra a lei carregar o leito no dia de sábado. Não havia regozijo na libertação daquele cativo por tanto tempo aprisiona-do, nenhum louvor de gratidão por haver Um entre eles capaz de curar todas as espécies de enfermidades. Suas tradições haviam sido desconsideradas. Isso lhes cegou os olhos para todas as evidências de poder divino.

Preconceituosos e cheios de justiça própria, não admitiriam que pudessem ter se equivocado quanto ao verdadeiro propósito do sábado. Em vez de criticar a si mesmos, escolheram condenar a Cristo. 

Encontramos homens com o mesmo espírito hoje, que estão cegados pelo erro e ainda assim se orgulham de estar certos. Todos os que diferem deles estão em erro.

O homem em quem se operara o milagre não entrou em discussão com seus acusadores. Simplesmente respondeu: “Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda” (Jo 5:11)

Ao serem os judeus informados de que havia sido Jesus de Nazaré quem operara o milagre de cura, abertamente procuraram matá-Lo, “porque fazia estas coisas no sábado” (Jo 5:16). Esses arrogantes formalistas eram tão cheios de zelo pelas próprias tradições que, a fim de sustentá-las, estavam prontos a violar a lei de Deus!

À acusação feita por eles, Jesus respondeu serenamente: “Trabalho em perfeita harmonia com Meu Pai.” 

Essa resposta lhes deu outro pretexto para condená-Lo. O homicídio estava no coração deles. Esperavam apenas uma desculpa plausível para tirar-Lhe a vida. Porém, Jesus continuou a declarar firmemente Sua verdadeira posição. “O Filho de Si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto Ele faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5:19).

Deus opera por meio de quem Ele deseja, por métodos e maneiras de Sua escolha, mas há sempre os que desempenham o papel dos críticos fariseus.

O propósito de Deus é que os seres humanos creiam, não porque não haja possibilidade de dúvida, mas porque há abundantes evidências para a fé (Signs of the Times, 8 de junho de 1882).

Aproveitando a Oportunidade

Queres ser curado? João 5:6

A cura do paralítico de Betesda traz uma lição de inestimável valor a todo cristão, uma lição de profunda e solene importância aos descrentes e céticos. Deitado o paralítico próximo ao tanque, desamparado e à beira do desespero, Jesus Se aproxima e pergunta, em tom de piedade: “Queres ser curado?” Ser curado! Esse havia sido o tema principal de seus anseios e orações por longos e exaustivos anos. Com hesitante ansiedade, relatou a história de seus esforços e frustrações. Nenhum amigo estava por perto para carregá-lo com braços fortes até a fonte de cura. Seus apelos agonizantes por auxílio não receberam atenção. Todos a sua volta buscavam para os próprios amados a desejada bênção. Quando as águas se agitavam, dolorosamente tentava alcançar o tanque, mas outro se apressava antes dele.

Jesus olhou para o sofredor e disse: “Levanta-te, toma a tua cama, e anda” (v. 8). Não havia certeza de ajuda divina, nenhuma manifestação de poder milagroso. Que maravilha que o homem não tenha dito: “É impossível! Como se pode esperar agora que eu use minhas pernas, que já não obedecem à minha vontade por trinta e oito anos?”

Do ponto de vista meramente humano, esse raciocínio pareceria coerente. O sofredor poderia ter dado lugar à dúvida e assim permitido que passasse aquela oportunidade concedida por Deus.

Mas não fez isso. Sem questionar, agarrou-se à sua única chance. Ao tentar fazer o que Cristo havia ordenado, foi tomado de força e vigor – fora curado.

Receberia você, duvidoso leitor, a bênção do Senhor? Pare de questionar Sua Palavra e de descrer de Suas promessas. Obedeça à ordem do Senhor e receberá força. Se hesitar, entrar em discussão com Satanás ou considerar as dificuldades e improbabilidades, sua oportunidade passará, talvez para nunca mais voltar.

O milagre em Betesda deveria ter convencido todos os espectadores de que Jesus era o Filho de Deus.

À ordem de Cristo, o paralítico partiu com o simples leito em que estava deitado. Em seguida, Satanás, sempre pronto com suas insinuações, sugeriu que aquele ato fosse interpretado como uma violação do sábado. Esperava-se que uma discussão sobre essa questão destruísse a fé inspirada em alguns corações pela cura operada por nosso Salvador (Signs of the Times, 8 de junho de 1882).